ATA DA SEXAGÉSIMA PRIMEIRA SESSÃO SOLENE DA SEXTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 25.10.1988.
Aos vinte e cinco dias do mês de outubro do ano de mil novecentos e
oitenta e oito reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara
Municipal de Porto Alegre, em sua Sexagésima Primeira Sessão Solene da Sexta
Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura, destinada a entregar do
Título Honorífico de Cidadão Emérito ao Sr. Lauro José de Quadros, concedido
através do Projeto de Resolução n° 20/88 (proc. n° 950/88). Às dezessete horas
e vinte e nove minutos, constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente
declarou abertos os trabalhos e convidou os Líderes de Bancada a conduzirem ao
Plenário as autoridades e personalidades presentes. Compuseram a Mesa: Ver.
Brochado Da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Advogado
Renato D’Arrigo, Diretor- Presidente da Cia. Carris Porto-Alegrense,
representando, neste ato, o Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; Sr. Ricardo
Gentilini, Diretor da RBS Rádios; Prof. Joaquim José Felizardo, Secretário
Municipal de Cultura; Irmão Avelino Madalozzo, Vice-Reitor da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Jornalista Firmino Sá Brito
Cardoso, representando, neste ato, o Presidente da Associação Riograndense de
Imprensa, ARI; Sr. Lauro José de Quadros, Homenageado; Srª. Maria Helena
Quadros, Esposa do Homenageado; Verª. Gladis Mantelli, 1ª Secretária da Casa. A
seguir, o Sr. Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome
da Casa. O Ver. Jorge Goularte, em nome da Bancada do PL, saudou o Homenageado,
salientando o estilo pessoal observado no trabalho de S.Sa. como um dos grandes
nomes do jornalismo esportivo do Estado. O Ver. Hermes Dutra, em nome da
Bancada do PDS, comentou o profissionalismo e a dedicação encontrados na obra
jornalística do Sr. Lauro José de Quadros, falando, em especial, do programa
“Sala de Redação”, do qual participa S. Sa. O Ver. Nilton Comin, em nome das
Bancadas do PMDB e do PSDB, congratulou-se com a Verª. Teresinha Irigaray pela
proposição da presente homenagem, comentando a importância do Sr. Lauro José de
Quadros para a imprensa esportiva gaúcha. O Ver. Frederico Barbosa, em nome da
Bancada do PFL, discorreu sobre o significado do rádio como elemento integrante
da cultura da comunidade, dizendo que os radialistas acabam tornando-se
personagens conhecidos e amigos da população. Leu texto escrito por Daniel
Barbosa, acerca do Homenageado. E a Verª. Teresinha Irigaray, como proponente
da Sessão e em nome das Bancadas do PDT, PT e PCB, ressaltou a amizade que a
une ao Sr. José Lauro de Quadros, falando da vida e do trabalho realizado pelo
Homenageado e analisando os motivos que a levaram a propor a concessão do
título hoje entregue pela Casa. A seguir, o Sr. Presidente convidou os
Vereadores Teresinha Irigaray e Paulo Sant’ana a procederem à entrega,
respectivamente, do Título Honorífico de Cidadão Emérito e do Troféu Frade de
Pedra ao Sr. Lauro José de Quadros, e concedeu a palavra a S.Sa., que agradeceu
a homenagem prestada pela Casa. Em continuidade, o Sr. Presidente fez
pronunciamento alusivo à solenidade, convidou as autoridades e personalidades
presentes a passarem à Sala da Presidência e, nada mais havendo a tratar, convocou
os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os
trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela
Verª. Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei
fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo
Senhor Presidente e por mim.
O SR.
PRESIDENTE: Concedemos, inicialmente, a palavra ao Sr. Ver. Jorge
Goularte S.Exa. falará pala Bancada do PL.
O SR.
JORGE GOULARTE: Sr. Presidente, minhas senhoras e meus senhores:
Quem deveria falar em meu nome e do Partido
Liberal, hoje, seria o Paulo Sant’Ana, como já fez, em outra oportunidade,
quando foi homenageado o Marcos Rachewisky. Eu acho que teria muito mais
sentido fazer-se uma Sala de Redação nesta Casa, ainda se tivéssemos o Kenny
Braga, aqui, presente, porque o Sant’Ana tem uma qualidade extraordinária em
falar numa Sessão como esta. Mas o Partido Liberal, Lauro Quadros, não poderia
ficar ausente desta homenagem que Porto Alegre te presta e que devia, já há
muito, esta homenagem a ti. A Teresinha em boa hora propôs e a unanimidade
desta Casa transformou em realidade. Por isso, nós estamos aqui para te trazer
o abraço do Partido Liberal, o nosso abraço, abraço pessoal, pela amizade que
temos de tantos anos, e a certeza de que vais continuar a prestar a Porto
Alegre o serviço inestimável que tens prestado ao longo de tantos anos.
Esta tua alegria, o teu estilo inconfundível e
raro, num momento de crise em que vive o nosso País, as dificuldades por que
passa a nossa terra, o nosso Estado, o nosso Município, é bom ver o Lauro
Quadros em seu programa da manhã, em seu programa de televisão, no Sala de
Redação, a nos brindar com a verve muito sua. É uma pessoa que Porto Alegre
admira. E que hoje reverencia. Eu não faria um discurso, não faria uma maldade
destas a vocês, apenas trago aqui o abraço do Partido Liberal e o meu, pessoal,
na certeza de que Porto Alegre fez o que devia fazer, pela sua Vereadora, como
representante do povo, e os demais Vereadores votando unanimemente, para que
Lauro Quadros recebesse, como recebe hoje, as homenagens do povo de Porto
Alegre. O meu abraço a você, Lauro. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Hermes
Dutra, que falará em nome da Bancada do PDS.
O SR.
HERMES DUTRA: Srs. Vereadores, minhas
senhoras e meus senhores.
Eu pensei em qual a melhor forma de vir à tribuna, para prestar a
homenagem em nome do meu Partido, Partido Democrático Social, a esta figura tão
querida, a este – como costuma dizer no Sala de Redação, Lauro Quadros – 1,60m
ou 1,65m de amor, de profissionalismo, de dedicação, e que eu, uma vez, me dei
o trabalho de telefonar para ele, lembrando que o homem se mede do queixo para
cima. Pensei na forma melhor de homenagear e dizer algumas coisas em nome do
meu Partido e poderia ter escrito um discurso, mais ao estilo da Sessão, mas,
achei que não estaria sendo autêntico, até por que discurso escrito não é muito
do meu feitio, e também não é muito do feitio do nosso homenageado que não só
pelo exercício da sua profissão tem mostrado à população de Porto Alegre e do
Estado a sua forma agradável de desempenhar a sua profissão, tornando a nós
ouvintes e admiradores mais amigos do que ouvintes e sentindo o Lauro como fazendo
parte da nossa casa.
Por questão de horário eu carrego os meus dois filhos, sempre, na hora
em que os levo para o colégio, e procuro fazer isso diariamente, é uma das
formas, também de se viver a família, no horário do Sala de Redação. Posso
observar, tenho um filho de 15 anos e outro de 7, as reações deles em função da
participação do Lauro no programa e na verdade e digo para ele, a vida do Lauro
não se resume ao Programa Sala de Redação, mas talvez seja ali, exatamente,
onde se encarna esta personalidade, alegre e não-irreverente, porque ela é
educada; que sabe dizer uma crítica, às vezes até um pouco pesada, mas que
extrapola, sai pela sua boca carregada por uma dose imensa de sinceridade. E é
o homem que já quando morava no interior, lá em Cacequi, ainda quando
trabalhava na Guaíba, aprendi a admirá-lo pelos comentários imparciais que
fazia, a ponto, inclusive de muita gente desconfiar porque em futebol pode-se
ser tudo, menos imparcial. E as pessoas desconfiavam, coisa que hoje já não
desconfiam mais porque se convenceram que quando ele faz uma crítica a um ou a
outro time, notadamente é ao Grêmio ou ao Internacional, porque a nossa
realidade futebolística infelizmente se resume nestes dois grandes clubes, ele
está, efetivamente, sendo sincero.
Então, entendi de subir aqui de uma forma muito singela, dizer ao Lauro
que o meu Partido se sente feliz duas vezes. Primeiro por ter votado o Projeto
de Resolução de feliz inspiração da Verª.
Teresinha Irigaray, em segundo por registrar a sua presença, deixar marcado nos
Anais da Casa, neste dia de hoje. E achei também que se subisse aqui deveria
contar uma pequena passagem da vida do Lauro que ele nem se lembra mais, porque
estas coisas passam pela vida dele e notadamente quando as coisas levantam os
nossos méritos, homens como o Lauro tendem a esquecer isto e eu acho que
relembrar para que os Srs. Saibam porque eu acho que muitos não sabem e para
que os Anais assim registrem, achei interessante lembrar uma pequena passagem
que teve em 1985, quando da eleição municipal para Prefeito e que teve aquelas
confusões em que o partido “a” reclama do partido “b”, etc. e o juiz
encarregado da propaganda eleitoral convocou os partidos políticos para uma
reunião e chamou um representante da Prefeitura. Eu fui representando a
Prefeitura e lá ficou acertado que os partidos políticos deveriam resolver seus
problemas internamente para evitar recursos na Justiça. Programamos duas
reuniões semanais no meu gabinete com as representações dos cinco partidos que
concorriam à Prefeitura. Ali se estabeleceu um diálogo e na segunda semana
havia um clima de absoluta fraternidade entre nós. Surgiu a idéia de se fazer
um debate entre os candidatos a prefeito no horário político. Houve
concordância unânime. Então precisava ser escolhido o debatedor. Aí houve uma
suspensão no natural clima de fraternidade pois começou a natural divergência
dos partidos políticos. Para evitar melindres, resolvemos fazer assim:
colocou-se numa lista o nome de 23 jornalistas. Em votação secreta, na qual eu
era o apurador, pois eu não votava, escolheu-se o que iria mediar o debate. O
único jornalista que não teve um voto contra foi este cidadão que está aí hoje
recebendo o título de Cidadão Emérito de Porto Alegre, obtendo uma concordância
dificílima porque não é desdouro não obter concordância, afinal de contas,
saibam os senhores, os partidos políticos, em campanha eleitoral ficam com os
nervos à flor da pele devido à tensão pré-eleitoral. Não é desdouro que um
jornalista não seja querido por este ou aquele partido, até porque tendemos,
nós políticos, a entender uma crítica ou uma palavra dita como uma preferência
político-partidária. Pois o Lauro nem isso. Essa palavra que às vezes é dita
sem intenção é que muitas vezes é tomada como preferência partidária não foi
avocada contra ele. Por unanimidade foi o mediador e foram feitos dois debates,
ambos com a mediação do Lauro, aliás, já criando este clima de debates
eleitorais tão bom, tão útil e tão importante para as eleições. Faço esta
narrativa para que os Anais da Casa registre, para que os Senhores possam ver a
seriedade com que o Lauro conduz o seu trabalho. É um homem que na televisão,
no rádio, no jornal, nos seus afazeres mais ligados à família, na sua vida
comunitária, na sua vida social é sempre o mesmo. E esta característica de ser
sempre o mesmo, é uma das características que mais nós devemos apreciar nas
pessoas humanas. Então , não fora Lauro, por todas as qualificações que tu
tens, por esse passado, estas costas largas de trabalho honesto nas comunicações
escritas, faladas e televisadas de nosso Estado, não fora pelo que tu
representas em termos de mostrar a importância dos meios de comunicação, não
fora por tudo isso, eu ainda teria esse motivo particular que é esta tua forma
de ser esta tua autenticidade da tua pessoa, de muitas vezes até atraíres um
pouco de crítica iradas porque tens o
hábito de dizer as coisas quando elas devem ser ditas e não tens medo de
botar para fora tua opinião, embora esta opinião, eventualmente possa não vir
ao encontro deste ou daquele. São estas coisas, Lauro, que a gente guarda e
carrega e deixa para os pôsteres. É tão ter gente assim que nós possamos
homenagear. Esta Casa também não é só uma Casa de debates, onde as idéias se
acirram, onde os apartes se sucedem, e as pessoas, muitas vezes, quase chegam
às vias de fato, onde só se legisla, onde só se discute os problemas da Cidade.
Não! Esta é uma Casa que tem a obrigação de mostrar à Cidade o reconhecimento
da Casa por aqueles que fazem também a história desta Cidade. Isto é uma
obrigação nossa. E alguns são mais felizes na apresentação destas idéias. É o
caso da Verª. Teresinha Irigaray. Por isso, Lauro querido, receba tu e tua
família, o meu abraço muito fraterno, o abraço do meu Partido e dizer para ti
que a galeria dos homens ilustres desta terra, dos cidadãos eméritos, não sei
se fica mais esportiva a partir de hoje, mas seguramente fica bem mais querida
e mais informal. O meu abraço. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Nilton
Comin, S.Exa. falará, neste ato, em nome das Bancadas do PMDB e do PSDB.
O SR. NILTON COMIN: Senhores e Senhoras e
público presente.
Quando da homenagem, proposta pela Nobre Vereadora Teresinha Irigaray,
eu me candidatei a falar em nome do meu Partido, porque achei felicíssima a
idéia da Nobre Vereadora. Achei que esta Casa, que tem 215 anos, que tem uma
longa tradição na história política desta Cidade, desde a época dos
Conselheiros municipais, entendi Nobre Verª. Teresinha Irigaray, que V.Exa.
teve um momento de grande inspiração ao homenagear Lauro Quadros. Conheço o
Lauro há muitos anos. Desde o início de sua vida esportiva – pois eu, também,
como homem de esportes, ligado ao meu querido Esporte Clube São José – via o
Lauro, aquele magrinho, correndo pelas pistas para conseguir a melhor
entrevista possível para a sua rádio. Lauro sempre foi atento ao noticiário
esportivo, àquilo que os homens da imprensa esportiva chamam de furo esportivo,
e várias vezes estivemos juntos em jornadas esportivas, porque a crônica
esportiva porto-alegrense é gremista e colorada, agora, quando o Zequinha, meu
time, está muito bem – o que é muito raro – grande parte da crônica passa a ser
São José. Essa grande vantagem a crônica tem. Quando o São José foi vice-campeão
de Porto Alegre – e eu não vou dizer o ano, porque faz muitos anos – a maior
parte da crônica era do meu time. Agora, todos reconhecem uma coisa: o Zequinha
é modesto, é simples, mas todos gostam do meu Clube. E aí, eu passei a admirar,
entre tantos e tantos ilustres homens de comunicação do esporte, o Lauro
Quadros. E eu há pouco dizia que não sei se hoje o Lauro é mais conhecido como
comunicador de esportes ou como comunicador geral, porque ele é um comentarista
esportivo, mas é um comentarista de televisão, ele tem um programa, aquele
programa do Banjo. E dá-lhe Banjo, e lá vem o Lauro Quadros, com as suas
notícias, com o seu grande amigo Macário na produção. A gente tem que dizer o
seguinte: o grande jornalista tem um grande produtor atrás. Ele tem que ter
várias pessoas junto com ele que sabem exatamente escolher, dentre as notícias,
aquelas que interessam à comunidade. Quando Diretor da SUCAM, Lauro, eu estava
em qualquer parte deste Rio Grande. Dá-lhe Banjo, e nós estávamos sempre ligados
naquele programa do Lauro Quadros, porque ele traz, realmente, um noticiário
ameno, gostoso, e todos nós gostamos de informações, principalmente o político,
o político está sempre disposto a ouvir alguma coisa que lhe interessa. Hoje,
aqui, além de representar o PSDB, o Partido dos Tucanos, eu represento também o
meu clube, que é José, que é o São José e você, Lauro, que é José, sabe que
existe muitos “josés” famosos na vida e para homenageá-lo nada melhor de dizer
que esta Casa, que na sua galeria pessoas ilustres desses 215 anos, alguns dos
quais ou muitos dos quais, ou muitíssimo dos quais, já desapareceram, terá o
seu nome gravado como um dos nomes que mereceu no ano de 1988, através da
inteligente proposta da Verª. Teresinha Irigaray, minha querida Colega, os
aplausos da comunidade de Porto Alegre, porque isso é muito importante, que
cada um registre na sua oportunidade aqueles homens que se destacaram. Num dia
desses, resolvi ler alguma coisa dos Anais da Casa e ficamos impressionados em
saber que há 100 anos existiram propostas inteligentíssimas de Representantes
do Povo de Porto Alegre e algumas das quais relançadas a qualquer momento e que
seriam oportunas para que o nosso povo soubesse o que se fazia há 100 anos em
Porto Alegre.
Para concluir, Lauro Quadros, desejo a ti e a toda a tua família, a
teus amigos, que esse sucesso que vens alcançando seja colocado em uma escala
ascendente, porque tens muito mais a oferecer e trago do meu clube, do Sport
Club São José, uma flâmula que significa o amor do São José, o José do esporte
ao Lauro José de Quadros. Muito obrigado.(Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir a Mesa concede a
palavra ao Sr. Ver. Frederico Barbosa, que falará em nome do PFL.
O SR. FREDERICO BARBOSA: Gente, eu poderia iniciar o
meu pronunciamento em nome do PFL, descontraído, evidentemente, para homenagear
quem nós estamos homenageando, e depois dizer: tchau para vocês, e certamente,
estaria enquadrado dentro daquilo que nós pensamos que é o nosso homenageado,
usando até o chavão, um dos expoentes da crônica esportiva, e da crônica do
rádio do Rio Grande do Sul, um homem absolutamente descontraído, tranqüilo,
simples, objetivo e claro nas suas manifestações. Mas, Lauro, na verdade sou
obrigado a cumprir um pouco do protocolo, que até os longos anos que pertenço a
esta Casa me obrigam.
Meu caro Lauro, fazer um discurso como já foi dito, era muita audácia,
optar por um discurso de improviso era outra audácia, estaria homenageando quem
sabe fazer as coisas com muita facilidade e com extrema sabedoria. Preferi
fazer um pouco de improviso e um pouco de alguma coisa escrita sobre a tua vida
e a maneira como nós enxergamos o teu trabalho.
Em primeiro lugar me parece que não direi nenhuma novidade a este
Plenário, muito menos aos radialistas, e muito menos ao homenageado, porque o
rádio, o radinho, inclusive, é algo que aproxima o ouvinte e aquele que
transmite, é algo impressionante como aproxima, porque me criei, e sou um
ouvinte do radinho de pilhas, e muito na área esportiva, o Ranzolin sabe disso,
isto transmiti a minha família, graças a Deus, o radinho aproxima, e a pessoa
passa a ser íntimo daquele que está do outro
lado, às vezes numa distância incrível, mas ele está do nosso lado, ele
em alguns momentos faz com que estejamos adormecendo com o rádio ligado – isso
é um vício na minha casa – e nós passamos a conviver, o Lauro, o Ranzolin todos
aqueles que fazem o rádio, são nossos amigos, alguns nem nos conhecem a não ser
de vista, numa fotografia de jornal, mas a voz deles, a voz do locutor é a voz
do nosso amigo, e eles passam a ser integrantes da nossa casa.
E é impressionante este relacionamento, esta ligação entre o radinho,
seja ele de pilha, do automóvel ou todas as maneiras sofisticadas, hoje, de se
apresentar o rádio a uma pessoa e aquele que está do outro lado assistindo; o
rádio é o companheiro de todos nós. E aí entra a figura do nosso homenageado
que passa a ser íntimo, certamente, de toda a comunidade porto-alegrense, de
grande parte da comunidade gaúcha e de grande parte também da comunidade
brasileira. E, neste improviso, eu que tenho defendido que as Sessões Solenes
nesta Casa, não são demais, deveriam ser em número maior, ainda, porque este
Plenário que aqui está para homenagear Lauro Quadros, por força das circunstâncias
e dos seus períodos de trabalho, muitas vezes não vem à Casa do povo
porto-alegrense, e para nós é muito importante que todos conheçam e, saibam,
inclusive, que este ato solene é também parte integrante do Regimento Interno
desta Casa. Se em alguns minutos, há poucos momentos atrás estávamos a votar,
debater as coisas, os interesses, os desejos, os anseios da comunidade
porto-alegrense, agora, nós estamos realizando um ato obrigatório que é
homenagear pessoas que merecem ser homenageadas pela comunidade
porto-alegrense, e neste ato específico um elogio muito direto à inteligência
da Vereadora Teresinha Irigaray em escolher, em trazer a Plenário o nome de
Lauro Quadros para que pudéssemos com muita honra e satisfação chancelar mais
um nome importante da comunidade gaúcha para a galeria dos títulos de Cidadão
Emérito, mas invoquei a mim o direito de falar, certamente o Ver. Raul Casa,
Ver. Artur Zanella, Bernadete Vidal, Aranha Filho poderiam estar aqui
representando o PFL. Avoquei porque algumas coisas me unem ao esporte, sem
nunca ter conseguido jogar nada, sem nunca ter conseguido mais do que caminhar
um pouco pela cidade e dizer até que estou correndo de vez em quando, mas a
vinculação com Lauro, a vinculação com Sala e, principalmente, o que significa
o rádio dentro da minha casa fez com que eu avocasse esta oportunidade de
falar. E fui buscar, para homenagear o Lauro, a idéia do que pensa o jovem do
Lauro. E fui buscar e pedi aí sim e é a segunda parte e última que redigisse.
Fui buscar num jovem de 14 anos recém feitos, atleta do Grêmio, com extrema
dificuldade inclusive há pouco por estar tentando coloca-lo em forma novamente,
fui buscar num jovem a oportunidade de
traduzir da tribuna, eis que ele não poderia estar aqui protocolarmente, que transmitisse
e aqui está o que foi escrito:
“Lauro tem uma presença marcante na comunicação porto-alegrense, e
porque não dizer, gaúcha e brasileira.
Sabe em seus espaços levar a sua mensagem, a sua opinião, com muita
propriedade e inteligência. É um comentarista versátil, culto e interessante,
pois fala com imensa habilidade de assuntos diversos e com não menos qualidade.
Usa seus espaços para criticar fatos e comentá-los, marcando seu estilo pela
abertura aos outros, deixando-os falar, dando suas opiniões para que se forme o
debate, pois faz seus apreciados comentários baseado em fatos. Se necessário
discorda, mas não é do seu feitio se enaltecer criticando colegas.
Este sim é o verdadeiro debatedor, sendo de um caráter, de um cunho
revolucionário, pois em seu estilo de comentar, falar e debater, une o antigo
ao moderno, o útil ao agradável, ou seja a descontração à crítica. Na hora da
variedade, sério, na hora da piada presente. Que tem o verdadeiro caráter, a
personalidade forte. Não enreda na hora de falar, portanto critica na hora
devida e na hora de elogiar, o elogio é dado. Que sabe em pouco tempo dizer
muita coisa e em muito tempo nos mostrar todo o seu talento.
Para finalizar, nos deixa cheio de orgulho de termos uma pessoa de
extrema qualidade que preenche os requisitos de sua profissão e para o qual
podemos dizer: “Este sim, acertou a profissão”.
Lauro, esta hora, já sabes que é o autor. Certamente ele escreve sobre
esporte e ouve tudo, por exemplo, com muito mais vontade quando o Ranzolin,
quando o Lauro, quando o Sant’Ana, quando o Kenny e outros levaram para debater
no Sala de Redação e, daí, tantos outros programas foram e tantas outras
entradas no ar ele fez. Realmente, o texto é do meu filho, e foi a maneira que
encontramos, já que o PFL me liberou para que eu fizesse o pronunciamento, como
assim o desejasse, de te homenagear. O
Daniel representa, acima de tudo, a opinião dos jovens que, graças a Deus, e a
vocês homens, principalmente da crônica esportiva, motivam esta juventude que,
enquanto estiver grudada no radinho de pilha, em homens como vocês, está
voltada para algo que é extremamente importante num mundo tão violento como o
de hoje. Portanto, é emocionado que faço este pronunciamento e agradeço, em
nome de uma coletividade, por tudo o que vocês representam e, dentro desta
crônica, que tu, Lauro, representas para todos nós. Muito obrigado e um grande
abraço em nome do PFL. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: A seguir, a Mesa concede a
palavra à Verª. Teresinha Irigaray, autora da presente proposição, e que, neste
ato, falará em nome das Bancadas do PDT, PT e PCB.
A SRA. TERESINHA IRIGARAY: Sr. Presidente da Casa Ver.
Brochado da Rocha; Exmo. Sr., não vou dizer senhor e vou quebrar o protocolo,
nosso querido homenageado Lauro Quadros, querida Maria Helena Quadros.
Eu também poderia fazer um discurso só coração, para o meu amigo Lauro
Quadros, mas, eu acho que, nesta hora, ao darmos um título de emeritude a quem
tanto fez pela Cidade, seria mais fácil não deixar o coração falar, pois
poderíamos ser traídos pela emoção. Mas traduzir no papel todo o nosso
sentimento, porque para quem vive e transmite as emoções, hoje é um dia emotivo
e de um caráter eminentemente excepcional para esta Casa. A Cidade de Porto
Alegre, nesta hora e nesta tarde, homenageia um dos seus maiores comunicadores,
homenageia o profissional competente, homenageia o homem, cujo rádio é a sua
vida, cujo rádio é a sua maneira e a sua forma de exprimir os seus sentimentos,
as suas alegrias, as suas decepções, as suas tristezas e as suas emoções. E
homenagear Lauro Quadros, neste momento, nesta hora, é voltar ao passado, é ir
ao tempo até tua infância, tua infância à beira de uma tranqüila lagoa que leva
o nome e a honra da extirpe dos Quadros. É lá que encontramos o menino Lauro e,
acredito, os estádios já estavam repletos, as torcidas dos times já estavam
organizadas, a dupla Gre-Nal em franca ascensão, quando raiou, em 19 de
setembro, dos idos de 1939. E acredito, também, que o menino que nascia não trazia
a predestinação de um gênio, mas nascera um predestinado. Um menino normal, que
teve, como já disse, a sua infância, na beira daquela tranqüila lagoa e que
leva até hoje o nome honrado de seus antepassados. O menino Lauro, que brincou
nas suas águas, na pacata cidade de Osório e que, adolescente, partiu, com
aquela inquebrantável estrutura, como grande sonho de ganhar a cidade grande,
de lutar e vencer. Lauro Quadro menino, Lauro adolescente, vendo os
acontecimentos se sucedendo em fatos concretos, vertiginosos, que o levam a
conseguir o contrato de uma rádio, que o transformaria em um dos melhores
comunicadores do esporte da sua geração. Eis Lauro Quadros, amigos de Lauro!
Lauro, com seu sorriso franco, gesticulador, com um carisma inconfundível, que
fizeram deste jovem comunicador uma das figuras mais populares, mais simpáticas
e mais queridas da comunidade esportiva. Eu conheço Lauro Quadros de longa
data. Sei da sua luta como repórter, como locutor, como narrador, como locutor
comercial, comentarista esportivo, apresentador de rádio e de televisão. Sei
também, pois acompanho, da sua luta pelo esporte, pelo bom futebol, suas
transmissões emocionadas pelas suas brigas nos Grenais, pelo seu contentamento
e emoção, transbordando para a Cidade, em sua Sala de Redação e outros
programas. Ele transmite, Srs. E Sras., toda a sua alegria, toda a sua
vibração, aquela vibração e aquela alegria de um esportista nato. E através de
suas palavras, através de seus olhos, eu creio que aqueles vultos esportistas
que ele narra vão surgindo e vão se destacando ao longo do seu tempo e é como
se fosse um ressurgir dos iluminados, é como se enxergasse – e ele deve estar
aqui presente – o nosso querido Larri, o Bodinho, o Oreco. Podemos lembrar o
campeão negro Everaldo, podemos nos lembrar, como não, do Rei Falcão, do
inconfundível Pelé, do saudoso Garrincha, do Didi, do Tesourinha e de tantos
outros que já se perderam no tempo. Mas eles aqui estão ressurgindo, nesta
nossa homenagem fraterna, feliz, de coração, que estamos dando ao Lauro
Quadros. Tua competência nesta tua transmissão de várias Copas Mundiais que nos
fizeram sofrer, que nos fizeram chorar de emoção e que levaram a grande família
brasileira a te escutar e a se emocionar junto contigo. Esta tua peculiaridade
no transmitir e no comentar te fizeram querido, te fizeram popular. Saudar
Lauro Quadros é fácil, saudar o nosso homenageado nos torna felizes e queremos
em nome da Cidade te homenagear. Te dar o Título que mereces, o Título de
Cidadão Emérito de Porto Alegre. A Cidade te merece, Lauro, a Cidade não te
esquece e em cada rua, em cada vila humilde dos operários, em todas estas
vilas, clandestinas ou não, de Porto Alegre, em todas as classes, em todas as
casas de classe média; nos palacetes e nas mansões da classe alta, naqueles
ônibus repletos de gente, no sair à tarde do trabalho, aqueles ônibus onde as
pessoas vão todas com aquele radinho no ouvido. Nas praças, Lauro, repletas e
concorridas, na frente de um rádio, de um telão de TV; a tua voz, cidadão, ecoa
nos confins da Cidade por todo este Estado do Rio Grande do Sul e por todo o
País naquelas tuas transmissões emocionadas dos fatos esportivos, como só tu
sabes comentar. A Cidade se curva hoje, nesta tarde, a Cidade se humaniza, te
faz aquele agrado merecido e justo por toda esta emoção se e por toda esta tua
contribuição à cultura e ao esporte. Hoje, Lauro Quadros, nesta tarde, nesta
tarde quase noite de primavera, é como
se este Plenário aqui fosse um imenso estádio, um imenso estádio
contendo a pulsação dos corações porto-alegrenses e o sufoco da grande massa da
torcida azul e vermelha. Mas hoje, meu cidadão, não há time vencedor e não há
time vencido, hoje todos nós aqui os teus amigos, somos vencedores. As torcidas
se confraternizam ao conceder o Título máximo a Lauro Quadros. Lauro, esta
partida ´´e tua, Lauro, deixa a bola rolar no gramado. Este gramado da emoção
dos teus amigos. Deixa esta bola rolar. Porém, o gol da vitória é de todos nós.
É dos teus amigos que aqui estão, é dos teus familiares que aqui se fazem
presente, são dos teus admiradores. É desta crônica esportiva que está toda
junto contigo. São os esportistas gaúchos e porto-alegrenses, confraternizando
nesta hora e nesta festa. Parabéns, Lauro Quadros, neste final de partida és
realmente um cidadão emérito de Porto Alegre. Meu abraço para ti, Lauro, meu
abraço, acima de tudo, não ao Cidadão Emérito de Porto Alegre, mas o meu abraço
fraterno, gratificante àquele que considero o meu amigo, Lauro Quadros. Muito
obrigada.
(Não revisto pela oradora.)
O SR. PRESIDENTE: Convido a Verª. Teresinha
Irigaray, proponente desta Sessão, a fazer a entrega do Título de Cidadão
Emérito de Porto Alegre ao Sr. Lauro José de Quadros.
(É feita a entrega do Título.) (Palmas.)
Cumpre a Presidência da Casa, seja quem for que estiver presidindo,
fazer a entrega do troféu instituído por esta Casa. A Mesa, cumprindo uma
faculdade que é sua, se permite neste momento pedir aquilo que era sua
obrigação e desejo, ao Ver. Paulo Sant’Ana para que faça a entrega do Troféu Frade
de Pedra a Lauro Quadros.
(O Ver. Paulo Sant’Ana procede à entrega do troféu Frade de Pedra ao
homenageado.) (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE: A Mesa concede a palavra ao
novo cidadão emérito desta Cidade.
O SR. LAURO QUADROS: Olha gente, é muito bonito, é
uma situação que vence qualquer expectativa, mas é uma paulada, é uma cacetada.
O Sant’Ana já havia me avisado, tem-se dificuldade, mesmo com a “cancha” que se
tem na comunicação porque diz muito fundo no coração e na alma. Mas, vamos ao
protocolo. Ver. Brochado da Rocha, Presidente da Câmara Municipal de Porto
Alegre; Advogado Renato D’Arrigo, Diretor-Presidente da Cia. Carris
Porto-Alegrense, representando, neste ato, o Prefeito Municipal Dr. Alceu
Collares; Sr. Ricardo Gentilini, meu amigo
Gentilini, Diretor da RBS Rádios; Prof. Joaquim José Felizardo, meu querido
professor Felizardo, Secretário Municipal de Cultura; Irmão Avelino Madalozzo,
dos velhos tempos do Colégio N.Sra. do Rosário, Vice-Reitor da PUC/RS; Jorn.
Firmino Sá Brito Cardoso, representando, aqui, o Presidente da Associação
Riograndense de Imprensa, meu querido amigo Alberto André; Verª. Gladis
Mantelli, 1ª Secretária da Câmara Municipal
de Porto Alegre; Dep. Antônio Britto; Dra. Mercedes Rodrigues, quanta gente eu
gostaria de citar, se possível a todos, mas destaco, especialmente Jorge
Goularte, Hermes Dutra, Nilton Comin, Frederico Barbosa, e o Barbosinha dos 14
anos, que está ao seu lado, e que dividiu com o “Papa” o discurso; Teresinha
Irigaray, minha madrinha – eu nunca vou esquecer Teresinha; é uma grande
bondade mas, ao mesmo tempo, uma grande maldade -; Vó Quininha, com 88 anos de
idade, sentada ali, ao lado do Ver. Paulo Sant’Ana; Vó Quininha, dos mocotós
antológicos, históricos, inesquecíveis; Sampaulo, que me disse, hoje: “Eu coloquei
uma gravata para vir aqui te dar este abraço.”; Salim Nigri; ele existe; tem
muita gente querendo saber se o Salim existe; ele está ali, ao lado do Volmer
Padilha, e o Presidente Brochado da Rocha me dizia: “Onde é que está o Salim?”
Eu disse: “Ali, ó, está o Salim.”; Marquinhos Rachewsky, Cidadão desta Casa,
homenageado também por iniciativa de Teresinha Irigaray; ao Tio Marquinhos, o
nosso abraço; companheiro Ranzolin, de tantas jornadas; o Lasier, que está mais
ao fundo, lá, que estou vendo – é um perigo citar as pessoas - ; Fernando
Miranda, mais que Diretor, um amigo; Larry Pinto de Faria; Maria do Carmo, ao
lado do Moussale; quanta gente! Paulo Sant’Ana. Eu poderia ficar citando e
citando pessoas, mas hoje, eu vou ler aquilo que vou dizer, para surpreender
todo mundo, não é, Dra. Edela Puricceli? E assim é que vai ser. Estava escrito
que eu ia escrever e ler neste Plenário o que agora vou passar a fazer aqui,
isto é, um discurso – imaginem só!
(Lê) “Minha primeira reação, madrinha Teresinha Irigaray, sem falsa
modéstia, sem hipocrisia, foi me perguntar: será que eu mereço? Esta
interrogação me perseguiu durante 3 ou 4 dias, durante um certo tempo mas, em
seguida, eu racionalizei: afinal de contas, a gente tem um amor próprio, uma
auto-estima razoável, puxa, e a Teresinha sempre foi uma mulher criteriosa, os
Vereadores de Porto Alegre têm uma tradição pelo zelo extraordinário até ao
avaliarem esses títulos que conferem, vai ver, então, que eu mereço. Aí,
sobreveio uma segunda indagação: se eu mereço, o que é que eu fiz para merecer?
Eu sou um cara – o Sant’Ana às vezes até me acha um pouco neurótico, que fico
me perguntando coisas e me respondo coisas: se eu mereço, por quê? E o que fiz
para merecer? E aí, sem demagogia, a resposta ficou ainda um pouco mais
difícil. Até, que, depois de alguma reflexão, me deu um estalo: a Casa do Povo
de Porto Alegre deseja homenagear um homem do povo, um cidadão comum, desses
que, aos milhares, esgrimem pela vida. E que se são ordinários aos olhos de
uns, não passam despercebidos e podem ganhar destaque para pessoas de maior
percepção e sensibilidade”. Sem pretender forçar a comparação, é sabido que, de
uns tempos para cá, e a Revista Veja desta semana se ocupa disso, a Real
Academia Sueca tem preferido conferir o Nobel de Literatura – sem nenhuma
comparação porque este prêmio vale muito mais do que o Nobel – não aos mais
consagrados escritores do mundo e sim a alguns outros, obscuros, para os quais
a Academia pretende chamar atenção. É uma estratégia que os suecos, evoluídos,
inteligentes, têm usado nos últimos anos para premiar os escritores que ainda
não têm destaque. A Câmara Municipal de Porto Alegre, por analogia, certamente
quer mostrar que também um trabalhador, um assalariado, um guerreiro do
quotidiano desde os 16 anos de idade, sem sábado e nem domingo – não é uma
queixa Gentilini. Ranzolin, por favor! Manhã, tarde, noite, sem
fins-de-semana há quase 30 anos. Um pai de família desde os 21. Estou vendo ali
o Marcelo, meu primogênito, que está com 27; a Carla, a Laura, a Carmem Helena
que está no Rio, hoje me telefonou, porque, médica, tem hoje um congresso
mundial de ginecologia no Hotel Nacional e ela está lá. Mas estão todos aqui,
como a minha mãe de 77 anos, que está ali sentada, o meu irmão que está aqui e que
se ele tirar o bigode e se eu resolver usar de novo dizem que se parece muito
comigo. Ele ficou com boa parte do cérebro que devia me caber. Mas o que se
deveria fazer, a divisão era pra ser feita de forma mais equânime. Pois, eu
estava dizendo que um pai de família
desde os 21 anos, com todas as responsabilidades e angústias que eu recordo
agora quando olho para minha mulher, que está sentada aqui à mesa e tudo isso
representa realmente, aí, sim, alguém simples, ordinário, comum, pode integrar
a galeria dos notáveis, ser Cidadão Emérito de Porto Alegre. Por generosidade,
sim, mas sinto aqui, depois de ouvir o que vocês acabam de dizer que por
reconhecimento, também.
Se sou homenageado nesta condição, a de cidadão comum, que ousa vencer
por seu próprio esforço, num mundo em que largo e fácil é o caminho da
corrupção, adito de bom grado, porque esta é uma honraria que posso e quero
repartir com tantos outros batalhadores, cidadãos comuns desta Cidade. Ninguém
consegue o que consegue, sozinho. A minha volta, já referi, estão dezenas de
pessoas que me ajudaram, que me empurraram, que foram, que foram tolerantes
comigo, tiveram paciência, dividiram mais as horas amargas, do que as doces,
como esta aqui, sempre me estimulando: “vai em frente, não desanima. Não é
nada, isso passa. Muito bom, viste como és capaz”? É verdade que se um
indivíduo não se ajuda, não há quem possa ajudá-lo. Mas como valem a mão e a
voz estimuladoras! Minha mãe, meu irmão, minha mulher, meus filhos, meus amigos
que lotam esta Casa. Amigos entre os meus iguais e amigos entre os meus
superiores. E como é bom ter amigos e não ser inimigo de ninguém.
Lembro, também, com ternura e gratidão aqueles que não estão mais aqui,
que gostariam de estar e como eu gostaria que estivessem: meu pai, minha sogra,
que era uma segunda mãe. E hoje, porque não uso gravata, não uso terno, haveria
de dizer, estivesse viva ainda, ela se foi há dois meses e meio, e quando me
arrumei, em casa, ela diria “como estás chique, hoje!” Ninguém vibraria mais do
que ela, hoje.
Me desculpem, se sou tão pessoal. Não sei se estou transformando a
formalidade de uma cerimônia como esta num momento tão simples e íntimo, porém
é assim que sou e de outra forma não consigo ser. Aliás, não tenho muita
dificuldade de dizer isto para vocês, porque, bem ou mal, vocês me conhecem
bastante.
Quer dizer, então, minha madrinha Teresinha Irigaray, que sou Cidadão
Emérito da minha Porto Alegre, ali está o diploma que tu me entregaste. Ali
está o troféu que o meu querido Paulo Sant’Ana me passou às mãos. Quer dizer,
então, que é verdade, sou Cidadão Emérito da minha Cidade, onde nasci há 49
anos, do ventre da Dona Inês, extraído a fórceps pelo Dr. Odone Marsiaj, não
foi fácil. Eu já não era fácil, dei um trabalho, às 2h e 45 min. Pontualmente,
sem descontos, naquela tarde de 19 de setembro de 1939, na Beneficência
Portuguesa, e no ponta-pé inicial da Segunda Grande Guerra Mundial. Talvez,
tenha surgido aí um guerreiro. E neste dia 19 de setembro com a guerra mundial,
talvez tenha surgido aí um guerreiro, neste dia 19 de setembro com a guerra.
Quer dizer, então, que nesta Casa nova, e, ainda, incompleta, este Plenário que
leva o nome do meu inesquecível, velho amigo Aloísio Filho, Presidente do
Legislativo Municipal, quando da minha rápida passagem por esta Câmara há 22
anos. Ainda há pouco, quando entrei, fui chamado aqui, Sr. Presidente, lembrei
o meu discurso, em 1966, lembrei de Adel Carvalho e Milton Martins Cuele me
conduziram até o Plenário – coisas que se
passaram mas que a gente não esquece – lá se vão 22 anos. Aqui, no povo da
minha Cidade representado pelas Senhoras e pelos Senhores, Vó Queninha, aqui,
nesta sua Porto Alegre, porque a Vó Queninha é um símbolo da Cidade de Porto
Alegre.
Estou recebendo esta comenda, uma homenagem em vida, porque os mortos
são muito homenageados, mas não ficam sabendo das homenagens; há velórios
fantásticos, enterros memoráveis, placas, ruas, praças, pois eu estou aqui, bem
vivo e em cores mais até que na televisão para curtir tudo isso. É muita
felicidade.
Olha, Teresinha, isso não é coisa que se faça com esse coração: dizem
que os baixinhos têm o coração mais perto da boca. Hoje, em todo o caso o meu
coração está mais perto da boca.
Teresinha, muito obrigado, por quantos anos Deus me der a graça de
viver, eu não vou esquecer este momento, a ternura tua, Teresinha, o carinho de
vocês, o reconhecimento que recebo despojado da vaidade, mas que identifico
sincero e, por isto, sou mais feliz, porque saibam todos vocês que estão
presentes e os que por qualquer razão não estão, que se comunicaram comigo, que
estão pensando em mim, vocês neste dia, me fizeram um homem ainda mais feliz.
Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Após ouvirmos os Vereadores
da Casa, após a Casa aceitar por unanimidade a proposição da Verª. Teresinha
Irigaray, cabe-nos destacar que nestes momentos que tivemos oportunidade de
vivermos, resgatamos para a Cidade – não procedemos como os suecos, apenas a Verª. Teresinha sintonizou com a opinião pública
de Porto Alegre. Acho que a forma de proceder dos representantes da cidade é
sintonizar com a opinião desta cidade e, apenas, nós Vereadores recebemos um
instrumento procuratório de promover as coisas desta cidade. Acho que assim foi
procedido. Cada um de nós com o instrumento procuratório devido e em sintonia
com a cidade de uma forma bem simples, ou seja, Lauro Quadros deve ser um
cidadão desta cidade. Ele tem intimidade com a Cidade. Por esta forma, com
carinho e intimidade que ele tem, ele deve ser cidadão desta Cidade. Esta forma
traduz o que é postura de uma Câmara, como ela funciona e responde ao nosso
homenageado da forma que singelamente as coisa se dão. A Cidade tem seus amores
e encantos e assim a Câmara procura acolhê-las. De outra forma gostaria de deixar
como leitor de Lauro Quadros a minha admiração ao jornalista que escreve todos
os dias em sua coluna Lauro Quadros. Por outro lado, tanto o Ver. Paulo
Sant’Ana, como eu, estamos a deixar a Câmara de Vereadores. Creio que pudemos
oferecer a todos os amigos, admiradores e familiares de Lauro Quadros que
aquelas brigas de todos os dias, no horário da uma hora da tarde às duas horas,
são rigorosamente fraternais e que, ainda deu tempo para demonstrar
publicamente o carinho de Paulo Sant’Ana para com Lauro Quadros.
De outra forma, quero, neste ato, agradecer aos
familiares que aqui estiveram presentes, aos amigos, ao candidato a Prefeito de
Porto Alegre, Antônio Britto e Mercedes e a todos os cidadãos desta Cidade que
aqui compareceram. Somos gratos aos senhores e aos familiares de Lauro Quadros.
Muito obrigado.
Estão levantados os trabalhos.
(Levanta-se a Sessão às
18h56min.)
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